Monday, 3 January 2005

... e dizes que há para tudo um lado invisível, secreto como o interior das conchas bivalves, uma oculta e primordial razão, uma ordem na desordem, um rio onde estiver o mar. Que nada é decifrável a esta luz e a vida é uma torre sem ameias virada há séculos, ou desde sempre, para o mesmo precipício. Que todos os indícios, e os oráculos, e os ventos, sopram nessa direcção. Como perdizes acossadas. Como laranjas podres atiradas de uma janela alta para um cesto sem fundo e vazio.

(Albano Martins, in Rodomel Rododendro)



2004 (foto-retrospectiva)


Quero acreditar que para tudo há uma razão muito forte, bela e inquestionável. Quero mesmo muito poder acreditar nessa primordial razão. Mas não posso deixar de, por um qualquer instinto de sobrevivência inato, lutar pela conquista desse lugar maravilhoso e todos os dias, todos os anos, tentar melhorar o meu desempenho como ser humano. Passou-se mais um ano, este bastante estranho e difícil. Apesar de tudo cá estamos, sobreviventes de uma inconstante batalha pela vida e pela paz. Por tudo isso, prefiro recordar o que de bom aconteceu, as pequenas e grandes conquistas, e aprender com os erros. Espero que os ventos mudem, sejam mais favoráveis e justos, que sejamos mais justos! Quero ser forte, encarar o amanhã sem medo, viver um dia depois do outro, sem nunca esquecer o que me trouxe até aqui desde o início...
Feliz Ano Novo!

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