Wednesday, 19 November 2008

Hoje acordei com um barulho horrível, que me fez levantar da cama e ir directa à janela para constatar aquilo que já temia... estavam a cortar a única árvore que tenho por perto! Aquela que me enchia a cozinha de verde, que via mudar de cor com o passar das estações, e que ansiava por ver despida neste Outono para se voltar a vestir de folhas e de pássaros na próxima Primavera. Uma companhia diária, uma presença serena. Podia ser menos bonita, até mesmo uma espécie dita "infestante" (daquelas que nós, biólogos, tanto desprezamos), mas era a única por ali, e gostava tanto dela! Cortaram-na, não a podaram, foi um corte de raíz, sem dó nenhum! Ainda perguntámos porquê, qual a necessidade de acabar tão radicalmente com ela, a quem estava ela a incomodar assim tanto... as respostas não me convenceram... a cara do senhor, de moto-serra na mão, denunciava um "não sei, era suposto cortar tudo por aqui" ou mesmo um "comecei e entusiasmei-me"; depois um "se não tivermos cuidado um dia destes está enorme e vocês nem têm sol" (a parede é virada a Norte, e a árvore não é um inimigo a abater!); "para o ano está igual" (não ficou nem um nó para contar a história, será biologicamente possível?) e, por fim, um "deram-nos ordens para cortar" acompanhado de uma promessa de que aquilo seria para jardinar. Peço desculpa, mas não acredito, até porque o terreno é apenas uma pequena faixa de solo rijo, cheio de pedra, muito íngreme e sem vista da rua! A melhor resposta que me ocorre é que assim não chateia mais, não dá mais trabalho e não temos de cá voltar mais tarde! O senhor "teve muita pena", mas depois disto nem assim poupou o único ramo que restava!
Sinto uma tristeza profunda, um luto como se tivesse perdido um amigo...
Meus senhores, muito obrigada pela linda parede branca que ficou!!!



Antes


Depois


P.s: Quem quiser aproveitar para uns graffiti, está à vontade... proponho o desenho de uma árvore!

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