Friday, 14 May 2004


"Crow Eagle" - índios Piegan - de Edward S. Curtis

O Lakota era um verdadeiro amante da natureza. Amava a terra e todas as coisas boas da terra, e esse afecto crescia com a idade. Os idosos chegavam literalmente a amar o solo; sentavam-se ou repousavam na terra com o sentimento de se aproximarem das forças maternais. Era bom para a pele o contacto com a terra, e as pessoas idosas gostavam de tirar os mocassins e andar de pés descalços sobre a terra sagrada. Os seus tipis erguiam-se nesta terra de que eram feitos os seus altares. Os pássaros que voavam nos ares vinham repousar-se nela e a terra era o lugar permanente de todas as coisas que viviam e cresciam. O solo suavizava, fortificava, lavava e curava. É por isso que o velho índio se afinca ao solo, em vez de se separar das forças da vida. Para ele, sentar-se ou deitar-se assim consiste em poder pensar mais profundamente e em sentir mais vivamente; contempla assim mais claramente os mistérios da vida e sente-se mais próximo das forças vivas que o envolvem… Esta relação que ele mantém com todas as criaturas da terra, do céu e da água constituía um princípio real e activo. O velho índio tinha um sentimento de fraternidade para com o mundo dos pássaros e dos animais, e estes retribuíam-no com a confiança. Era tão estreita a familiaridade entre certos lakotas e os seus amigos de penas ou de peles que, tal como se fossem irmãos, falavam a mesma linguagem.
O velho lakota era sábio. Sabia que o coração do homem afastado da natureza se torna duro; que a falta de respeito para com o que cresce e vive depressa conduz também à falta de respeito para com os humanos. Por isso mantinha ele os jovens sob a mansa influência da natureza.

(Chief Luther Standing Bear, in A Fala do Índio de Teri McLuhan)

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